Mais um pouco do poeta

Mário Cesariny nasceu na vila Vila Edith em Benfica, era o filho mais novo de Viriato de Vasconcelos e de Mercedes Cesariny. O poeta frequentou o Liceu Gil Vicente durante um ano, após esse ano, Cesariny acabou por fazer curso de ourives na Escola de Artes Decorativas António Arroio, não lhe agradando o trabalho de ourives e Cesariny acabou por frequentar um curso de Belas-Artes. Na década de 1950, Cesariny dedica-se à pintura, mas também, à poesia que escrevia nos cafés. É durante esse período que Cesariny começa a ser vigiado pela Polícia Judiciária por suspeita de distúrbios, e devido à sua homossexualidade. Cesariny vivia com dificuldades financeiras, mas ajudado pela sua família. A meados dos anos 1960, acabaria por se dedicar à pintura, e a partir de 1980, a sua obra poética é reeditada pelo editor Manuel Hermínio Monteiro.

-Manuel Hermínio Monteiro foi empresário português e editor da Assírio & Alvim.
-Assírio & Alvim é uma editora literária de Portugal, fundada em 1972.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um pequeno comentário à poesia de Mário Cesariny
Acho que Mário Cesariny nos seus poemas pretendia retratar o real. O poeta usa o real da vida nos seus poemas para o poder combater, para assim conseguirmos a defesa do amor, da liberdade e da poesia. Um exemplo de retratar o real é o poema “A um rato encontrado morto no parque”.
A um rato encontrado morto no parque
Este findou aqui sua vasta carreira
de rato vivo e escuro ante as constelações
a sua pequena medida não humilha
senão aqueles que tudo querem imenso
e só sabem pensar em termos de homem ou árvore
pois decerto este rato destinou como soube (e até como não soube)
o milagre das patas – tão junto ao focinho! -
que afinal estavam justas, servindo muito bem
para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar
atrás de repente, quando necessário
Está pois tudo certo, ó “Deus dos cemitérios pequenos”?
Mas quem sabe quem sabe quando há engano
nos escritórios do inferno? Quem poderá dizer
que não era para príncipe ou julgador de povos
o ímpeto primeiro desta criação
irrisória para o mundo – com mundo nela?
Tantas preocupações às donas de casa – e aos médicos -
ele dava!
Como brincar ao bem e ao mal se estes nos faltam?
Algum rapazola entendeu sua esta vida tão ímpar
e passou nela a roda com que se amam
olhos nos olhos – vítima e carrasco
Não tinha amigos? Enganava os pais?
Ia por ali fora, minúsculo corpo divertido
e agora parado, aquoso, cheira mal.
Sem abuso
que final há-de dar-se a este poema?
Romântico? Clássico? Regionalista?
Como acabar com um corpo corajoso e humílimo
morto em pleno exercício da sua lira?

1 comentário:

  1. concordo com o seu comentário, mas acho que os poemas de mário cesariny não são muito amorosos

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